Cada pessoa carrega consigo uma bagagem invisível repleta de versões de si mesma. São vidas que não se concretizaram, escolhas que foram deixadas de lado e caminhos que ficaram no limbo. O olhar para trás chega de vez em quando, acompanhado da pergunta: e se eu tivesse tomado aquela decisão? E se eu tivesse seguido por outro caminho?
Essa reflexão não é feita por arrependimento, mas sim por pura curiosidade. É a sensação de que em algum momento do passado, existe uma versão nossa vivendo uma realidade completamente distinta. Essa versão pode aparecer em sonhos, pensamentos aleatórios e nas noites em que o sono não chega.
Cada pessoa tem uma vida não vivida por medo, outra por ser a escolha mais acertada e aquela que nem sabia que desejava, até perceber que já era tarde demais. Cada decisão que tomamos implica em abrir mão de outra possibilidade. E cada renúncia é o abandono de uma vida que sequer teve a chance de começar.
No entanto, essas vidas não vividas contribuem para moldar quem somos agora. Cada “não” dito desenha com precisão o caminho que era destinado a ser nosso. Se refletirmos com atenção, perceberemos que nenhuma dessas vidas seria melhor, apenas diferente.
No final das contas, somos uma mistura do que vivemos e do que deixamos para trás. Isso também tem a sua beleza. Significa que, mesmo com as incertezas do passado, ainda temos a oportunidade de fazer valer a vida que escolhemos. Ou até mesmo recomeçar uma nova, enquanto ainda há tempo.